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Criança

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Ela viu, Lembrou, De quando era pequena Sem muitos problemas E só queria brincar. Lembrou das amigas, Da bagunça no quarto, As bonecas vestidas, Perfeitas, Eram barbies. Teve vontade de chorar, Aquele tempo jamais iria voltar. O tempo da diversão, Dos pés sujos, Das brincadeiras nas ruas. Segurou as lágrimas Com saudade Percebendo que a melhor coisa Do mundo Era ser criança. Engraçado, pensou ela Crianças querem crescer, E adultos querem ser crianças. Então deixou o corredor das bonecas, Pensando, Com saudade Do tempo, Dos velhos momentos.  Raphaela Barreto

O tempo

- Ah, o tempo! Mal desponta a noite e já passaram séculos... André Foltran, do blog Caderno . Ganha meu selinho de recomendação.

Numa moldura clara e simples, sou aquilo que se vê?

No escuro adormecem os sonhos que realizo quando todos dormem. Procuro antônimos para sentimentos que não se adequam ao contexto. Ando fadigado sobre os pedregulhos  enquanto bolhas de sabão estouram aos meus olhos. Distribuo sorrisos cordiais enquanto lágrimas salgadas enchem o mar. Vivo ereto, "sim, está tudo bem" mas o semblante mente. E me pergunto, inocente por que é assim a vida da gente?  Daniela Silva

Mude!

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa. Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos. Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros. Viva outros romances. Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Cor...

Café na poesia

“Antes que a tarde amanheça e a noite vire dia põe poesia no café e café na poesia.” —  Paulo Leminski

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo, Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo. Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor. Carlos Drummond de Andrade

De segunda a segunda

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Vou te amar de segunda a segunda, De Janeiro a janeiro, Fazendo frio ou calor, Geando ou pegando fogo. Vou te amar numa casa, Numa rua ensolarada, Na esquina de um barzinho, Ou no frio de uma escada. Vou te amar de perto ou longe, Na cama ou no sofá, Na cozinha, no banheiro, na garagem, Até no porão se você quiser. Vou te amar de moletom, Blusinha de calor, Shorts jeans E roupa nenhuma também. Vou te amar Em qualquer lugar, Sem mais nem menos, Por seu jeito, Simplesmente por ser você, Eu vou te amar. Raphaela Barreto

Mãe

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Ela que ama, que cuida, que daria a vida. Que carrega no ventre a semente da vida, Que não liga para a dor, Que sorri, Que fica em êxtase só por ver o sorriso dele. Ela que acorda no meio da noite para alimentar, Para limpar, Para amar, Incondicionalmente. Ela, mãe. Que protege, que dá carinho, que estará lá para tudo. Ela que ama, Brinca, desbrinca, arruma a bagunça e bagunça junto. Faz a comida, arruma a cama, limpa a roupa e prepara a vida. Abraça, beija, faz cócegas, pega no colo, nina e mima. Ela que ama e entende que ser mãe, É uma das melhores coisas da vida.  Raphaela Barreto

Soneto de Fidelidade - Vinicius de Moraes

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De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.   - Vinicius de Moraes

Elegia quase uma ode

[...] Ó, quem me dera não sonhar mais nunca Nada ter de tristezas nem saudades Ser apenas Moraes sem ser Vinicius! Ah, pudesse eu jamais, me levantando Espiar a janela sem paisagem O céu sem tempo e o tempo sem memória! Que hei de fazer de mim que sofro tudo Anjo e demônio, angústias e alegrias Que peco contra mim e contra Deus! Às vezes me parece que me olhando Ele dirá, do seu celeste abrigo: Fui cruel por demais com esse menino... No entanto, que outro olhar de piedade Curará neste mundo as minhas chagas? Sou fraco e forte, venço a vida: breve Perco tudo; breve, não posso mais... Oh, natureza humana, que desgraça! Se soubesses que força, que loucura São todos os teus gestos de pureza Contra uma carne tão alucinada! Se soubesses o impulso que te impele Nestas quatro paredes de minha alma Nem sei o que seria deste pobre Que te arrasta sem dar um só gemido! É muito triste se sofrer tão moço Sabendo que não há nenhum remédio E se tendo que ver a cada instante ...

A musica das Almas

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Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma E o vento como o instinto desceu os braços das árvores que estrangularam a terra... Depois veio a claridade, o grande céu, a paz dos campos... Mas nos caminhos todos choravam com os rostos levados para o alto Porque a vida tinha misteriosamente passado na tormenta. – Vinicius de Moraes

Verbo ser

Que vai ser quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer. Carlos Drummond de Andrade

Me desperta

Ele desperta, me atrai, me abstrai e me prende a atenção. O lado que não posso revelar está nele, meus desejos, instintos e vontades. Vontade de ser diferente, mas manter essa essência. Essência que demorou anos para ser criada atrás de uma máscara. Máscara de durona que por trás tem uma garotinha. Uma garotinha que gosta do errado. O errado que está nele. Ele que a ama, que a prende, que a chama de sua. Sua garotinha. Seu amor. Amor que cresce em duas vias. Que alimenta duas vidas. Um o oposto do outro nas entrelinhas. Mas eu sou ele e ele sou eu. E eu amo. E ele gosta. E ele é de um jeito e eu de outro. Um jeito diferente, que prende, que fascina. Que instiga. Instiga meu interior a ser quem eu queria. Como queria. Não ser a bonequinha. Menina. Me nina. Me transforma. Me ama. Me muda. E ele desperta. E me desperta.

Me nina

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Me nina me abraça me abra me acalma me afaga me ajoelha me beija me cala me canta me deseja me deita me delira me devora me embala me entrega me escreva me esfrega me esquenta me fala me joga me inspira me morda me mostra me molha me nina me olha me provoca me rima me rodeia me rodopia me toca me pega me prenda me prova me versa me vicia me sacia me nina.

São sete bilhões

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O mundo é um globo gigante. Sete bilhões de vagalumes piscando. Envolto pelo véu escuro que está acima de nós. Não é fácil encontrar alguém que entenda seu sorriso. Alguém que compreenda sua alma. Que traduz seus suspiros. Não contradiz suas vontades. Alguém que não duvide de seu olhar. Que deduz e crê em suas preces. Tem paciência para te ouvir falar. Chega a compreensão exata de suas meias palavras. São sete bilhões de estrelas do mar. Perdidas no mais fundo do oceano. Não é fácil encontrar alguém. Mas é triste parar de procurar. Daniela Silva

Inspiração

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Papéis espalhados sobre a mesa, rascunhos de dias atrás. O notebook está ligado numa página em branco esperando para ser digitada. O café esfria do lado para não queimar-me a boca. Não posso dormir. As ideias surgem. O sorriso aparece. E o desejo insaciável de escrever toma forma em minhas mãos. Finalmente, a inspiração.  Raphaela Barreto

Batom vermelho

Atrás da mascara de ferro, havia um batom vermelho; Havia um olho com lágrimas. Uma duvida oculta e um desejo ardente. Um problema era o problema. Havia também um sorriso. Um amor escondido. E com um aperto no peito, ela trilhava seu caminho de outro jeito. Raphaela Barreto