Eu mesma
Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia,
mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços,
sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio.
Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel
comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer
valer… Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de
sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca.
É curioso não saber dizer quem sou. Quer dizer,
sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento
em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se
transforma lentamente no que eu digo.
– Clarice Lispector
Comentários
Postar um comentário